quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A Descoberta da minha Vida


Para completar a abordagem à temática introduzida pela co-redatora deste espaço (des)informativo, a.k.a progenitora do rebento que vem a caminha, deixo-vos aqui o meu testemunho, escrito no dia seguinte à largada da "bomba". ;)

         A tomada de decisão de se deixar de utilizar métodos contraceptivos é realmente um marco importante, mas é um facto que nós homens estamos formatados para não “sofrer” por antecipação. Preferimos, tal qual moço forcado, enfiar o barrete até aos olhos e pegar o “toiro” de caras, espreitando apenas os cascos do animal que corre na nossa direcção, mesmo conhecendo de antemão o estrondoso impacto do que nos vai cair no colo.
Com as histórias que vamos ouvindo aqui e ali, com casais a treinar mais de um ano até conseguirem engravidar, pensamos que o mais provável é que a coisa vá demorar. “Aos anos que a mulher toma a pílula, isto ainda deve demorar umas 10 voltas de lua até se conseguir plantar uma semente em condições naquele jardim (tenho que começar a treinar este tipo de discurso para quando a criatura me vier perguntar a diferença entre amor e sexo – sim porque eles agora com a internet saltam a parte da cegonha e pensam logo mais à frente :p)”.
Mas isto é no primeiro/segundo mês de tentativas, pois a seguir somos logo assaltados pela dúvida e pela descrença quanto à saúde dos nossos nadadores que começa a apoderar-se-nos do espírito. Será que a papeira em pequenino enfraqueceu a barbatana dos meus Mini-Phelps? Estaremos destinados a ir ao Cambodja adoptar um “chinezinho” como a Angelina Jolie? E aí entra a ansiedade, e aquele nervoso miudinho de cada vez que chega aquela altura do mês, e o “benfica” não entra em campo à hora marcada. Claro que nós, machos dominantes, não damos parte fraca e não mostramos a mínima preocupação, pois para isso já basta a progenitora, que dia sim, dia sim está a mijar no copinho e a gastar testes (aos futuros pais recomendo a comprarem logo um pack no ebay que sai mais barato...)  – “Vai chegar ao dia em que é a sério e já gastaste os testes todooooos!!!”.
Em conversa já tinha surgido a pergunta “Como queres que te conte quando der positivo?”, e eu, como quando é para pedir é à grande, respondi prontamente: “No mínimo quero um outdoor da A1 para eu ler quando for de manhã pró trabalho  (e provavelmente despistar o carro e esbardalhar-me todo contra um rail…)”. Ora em tempos de crise não é fácil chegar a tão ambicioso objectivo, mas com uma moldurinha, o paint e uma foto do google, a coisa consegue-se...
E assim foi, a desgraçada colocou-a estrategicamente sobre uma (das) pilha(s) de roupa a aguardar passagem do ferro, no futuro quarto do crianço, e mandou-me ir escolher a roupa que precisava que ela passasse a ferro nos próximos dias. Eu como sou bem mandado, fui! Comecei pela pilha que já estava em cima da tábua, escolhi meia dúzia de camisas, e ela à porta a olhar feita tola. “Então e aquela?” e aponta para uma azul noutra pilha com A Moldura, e um marcador em cima. Claro que no meio da (des)arrumação que reina naquele quarto, para mim era perfeitamente normal haver uma moldura e um marcador em cima duma pilha de roupa, pelo que lhes peguei, tirei a camisa de baixo e a mulher começa-se a rir como uma perdida.
Mauuuuu, algo se passa… Perspicaz como só eu, penso: “se calhar é a moldura que tem alguma fotografia importante que eu devia ter visto e não reparei…”

1º olhar: deve ser uma daquelas imagens que já vem com a moldura quando se compra…
2º olhar: olha uma estrada, um carro, um outdoor…
3º olhar: outdoor -> bebé -> tem aqui qualquer coisa escrita…a processar…”Missão bebé bem sucedida!”
4º olhar:


  A sensação é parecida com um traumatismo craniano com perda de conhecimento (digo eu, que nunca tive nenhum...). Num segundo parece ser apagada toda a informação armazenada no nosso cérebro ao longo de anos (devia ter feito um backup desta porra!) no entanto, a sensação é estranhamente boa e relaxante! J
Dado o “abreijo” da praxe, e enxugada a leve maresia que momentaneamente nos subiu aos olhos, somos novamente assaltados “e se isto é um daqueles esquemas mesquinhos da mente feminina para avaliar a nossa reacção perante uma notícia destas?”
“Eu só acredito quando vir o teste!”
- “Oh estúpido, tens o teste na mão!”
- “Oi?” – olhar para a mão…a fazer inventário…: 1. Moldura; 2. Marcador com tampa azul… -“ Isto é o teste?” – rir de mim próprio…lol…sou uma besta! :P
Quando se vê nos filmes, o teste de gravidez é um termómetrozinho com um risco cor-de-rosa, não estava preparado para um marcador que diz 2-3 semanas num ecrã de duas polegadas! Mais um bocadinho e já dizia a cor dos olhos e preferência clubística (fazer a inscrição de sócio do Sporting ainda só com a foto do teste positivo é capaz de ser esticar a corda, não?), modernices!

Passado o choque inicial, chega finalmente a sensação de alívio, diria até de dever cumprido, e o pensamento (de peito inchado) “Ah, os meus Mini-Phelps são do c*r@l#o!!!” :D

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A Prequela




Pois é, para os que nos seguem no Facebook já sabem da novidade que vem um rebento a caminho. Está assim explicada a pausa abrupta na curta existência deste Blog.. É difícil tentar esconder um segredo do tamanho da Torre dos Clérigos numa altura em que é cada vez mais frequente a pergunta “ então e bebés para quando?” Segue-se a resposta politicamente correta do “Talvez para o ano…” Posto isto que nunca me acusem de ser mentirosa, a verdade estava lá, pouco explícita mas estava…

Prometo que vou tentar não tornar este espaço num Baby Blog, mas lamento informar que este pirralho já domina grande parte das conversas.

Mas comecemos pelo início, um texto escrito no dia 26/10/2013. Mal eu sabia que já cá andavas a 3 semanas no bucho...



A TENTATIVA



Sempre disse que o mais difícil da decisão de ter um filho não é o decidir propriamente… É deixar de tomar a pílula. A partir daí a coisa é a sério, já não há desculpas do “eu não estava preparada mas aconteceu”, "foi um acidente..." etc etc etc. A partir do momento em que se deixa de tomar o comprimidinho milagroso passa a ser um compromisso do “agora é que é” e isso a mim aterrorizou-me. “bem, não deve ser para já, assim tenho tempo para me preparar, mas e se demorar muito tempo? E se houver algum problema?”

Pois agora estamos nessa fase do “quanto tempo mais é que vai demorar”. A ansiedade de receber de braços abertos um puto que vai desgraçar a carteira, que se borra todo e que me vai levar a loucura com a privação de sono é grande... Sem grande pressão dou comigo a deitar um olhinho a app do Android para ver se já ovulei e se “hoje é dia” ou não..

Isto de se tentar engravidar deveria ser muito fácil. São milhões de bichinhos que só têm que nadar, avistar a bolinha ao longe e tentar ser o primeiro a chegar. É só ir por aí acima e pronto, eles nem fazem mais nada... Mas nãooooo… Há as temperaturas basais, a ovulação fora de horas, os pH `s alterados…



No segundo mês de tentativas dou por mim com dois cenários: ou os bichinhos do Jeitoso estão a faltar aos ginásio e não aguentam a maratona, ou os meus ovários estão armados Bruno Alves a falhar os penaltis na meia final do Europeu 2012 e chutar o óvulo pra fora, NADA…

Senhores Gâmetas, ISTO NÃO É DIFÍCIL.. Façam lá o que vos compete e dêem-me razões válidas para obrigar o marido a levantar o rabo da cama e fazer-me tostas mistas as 3 da manhã…