quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Ternura dos 27 - Aquele momento em que nos apercebemos que não podemos com discotecas!

A co-autora do blog perguntava-me outro dia se era feliz, se não achava que tínhamos avançado depressa demais na relação, se não teria casado demasiado novo…sim porque daqui a sensivelmente duas semanas comemoram-se apenas 27 primaveras desde que a minha existência veio abrilhantar este 3º calhau a contar do sol, e se não me iria arrepender mais tarde de não ter feito isto ou aquilo...

Ora isto ou aquilo não estou a ver o que é, pois olhando para trás não me ocorre assim nada que pudesse ter feito/vivido até ao momento que não fiz/vivi. Reparem que aqui a chave é o “pudesse”, pois pudesse eu ter nascido a saber jogar à bola, em vez de bonito, e tivesse notas de 500 como ervas daninhas no quintal, se calhar tinha aproveitado mais uma coisinha ou outra. Mas como nasci pobre, com ascendência pobre, e estou pronto para continuar pobre, projetos pessoais revolucionários como abrir um Rancho das Coelhinhas em Benavente, nunca verão a luz do dia. E como uma casinha com um quintalito na Quinta da Palmeira, sempre sai mais em conta que uma Playboy Manson, se calhar o melhor mesmo é escolher uma moça roliça e assentar. Assim fiz, e este corpinho que já não vai para novo estava mesmo a pedir descanso.

É que a malta pensa que não, mas olhando agora para trás isto de ser jovem cansa que se farta, é uma vida de sacrifício e provações, e sabe bem olhar para o caminho trilhado, e ver que sobrevivemos e estamos ainda na posse de todas as nossas faculdades mentais - i.e. pensamos pela nossa própria cabeça e aos poucos começamos a questionar coisas em que acreditávamos só porque sim. E toda esta converseta da tanga para quê? Para introduzir o tema deste post que é o seguinte: - "Mas porque car@lh* perdi eu horas de vida a ir a discotecas???"

Olhando agora do alto dos meus 27 anos realmente só posso considerar um exercício de auto-flagelação aquele que leva milhares de pessoas por este país fora a frequentar esses locais (no estrangeiro também os há, mas até eu era capaz de apreciar uma discoteca cheia de suecas em vestidos de noite…). 
Comecemos por desmistificar os motivos mais comuns que as pessoas apontam para se ir a uma disconight:

1. Curtir um som 

Se no rádio do carro praticamente só oiço a Comercial a caminho do trabalho. 
Se na volta quando ponho na Antena 3 para ouvir a Prova Oral, certa música que passa a essa hora chega a causar-me espasmos. 
Se já nem a frequência da Orbital tenho memorizada (esta é outra, jovem que é jovem tem que ter a Orbital memorizada no rádio do carro. Claro que só a sintoniza para mostrar aos amigos a potencia das colunas e a tremedeira do subwoofer, porque quando vai sozinho é capaz de ouvir a Bola Branca na Renascença, seguida da reza do terço em direto da Capelinha das Aparições em Fátima). 
Porque raio então havia eu de querer pagar para entrar num espaço, onde o mais parecido com música que vou ouvir será a de um toque de telemóvel – E que não oiço, porque se o som não estiver em níveis ensurdecedores já não se curte! 
Se não ouvimos este tipo de música no dia-a-dia porque é que subitamente entre as 0h00 e as 7h00 de Domingo sentimos esse apelo incontrolável de ouvir lixo musical? 

 
2. DJ’s 

-“Ah mais vai lá tocar o DJ Troca-o-Passo”, ou em inglês para ser mais fancy “DJ Exchange-Step, que é brutal!”. Meus amigos vamos lá ver uma coisa, um DJ passa música! Não toca a ponta dum chavelho, não canta uma nota que seja, e brutal brutal é a prateleira da Rita Pereira*! Mais mistura menos mistura, brutal não é um termo que se aplique a um gajo que passa música!

  * - vão dizer que não é?

 3. Dançar 

Certo… 
Que as gajas gostem de abanar a peida sempre na mesma coreografia independentemente da música que passa, e mostrar o modelito que compraram nos saldos da Bershka, eu ainda compreendo…os gajos olham, babam, e isso faz-lhes bem ao ego. Agora, o gajo comum não gosta de dançar, muito menos em discotecas, e só o faz na esperança vã de que, tal qual ritual de acasalamento do pavão, isso lhe possa valer uma noite de amorrrrr...
Se é pelo amor à dança que vão, mais vale optar pelo bailarico da terrinha. A música é pimba e o crl-a-7, mas toda a gente sabe a letra (vá, na disconight também sabem, mas é porque a letra tem no máximo duas frases) e digam o que disserem a malta diverte-se (é só ver a loucura armada cada vez que passam os Peitinhos da Cabritinha na disco). Podemos efetivamente dançar sem outros 5 mânfios à volta da mesma gaja, e com a garantia de que enquanto ela está a dançar connosco não vai estar a roçar o cú num 6º mânfio que apareceu entretanto. 
Se não têm jeito para a dança e são feios como uma noite de trovoada, também não era na discoteca se iam safar, portanto mandem vir uma grade de minis (que é mais ou menos o preço dum copo de gelo com uma tampinha de whisky na discoteca) e vão ser os reis da noite!
Se tiverem dois palminhos de cara, no worry, elas nem vão querer saber dos vossos dotes de dançarino portanto hão de se safar igualmente bem.



 4. Beber um copo

Helloooo! Já viram o preço das bebidas? P*t@-que-Pariu! 
Caros proprietários de discotecas que eventualmente possam estar a ler: "Se querem mamar façam o favor de adquirir um chibo!" Ide roubar prá estrada, que eu tenho mais onde gastar o dinheiro, e já lá vai o tempo em que ele saía do coiro dos meus velhos. Agora sai do meu, e custa-me um bocadinho a ganhá-lo. 
Se são 3h da manhã, não há mais nada aberto e têm uma secura insaciável…Ok, esta não posso refutar, e terá sido a razão pela qual me apanharam em tantas :P mas tem de ser realmente para beber a “abaladiça” porque uma vez lá dentro o orçamento nunca irá permitir remediar o passado (i.e. beber o que já devíamos ter bebido antes de entrar) para suportar a dor. 


 5. “O Pessoal vai Todo pra Lá!” 

- “Bora aí ao Urban** que o pessoal vai todo pra lá!”. 
 - “Então e se fôssemos antes à tasca do zé?”. 
- “Népia, não tá lá ninguém!” 
Então a ver se eu percebi, somos um grupo de amigo(a)s , estamos todos juntos, e queremos ir a um local onde nos possamos divertir. Ora se estamos todos, quem é o pessoal Todo que vai para determinado local? Ah, desconhecidos…pronto, deve ser pra fazer novas amizades…Not, não vai acontecer! E se acontecer muito provavelmente é gente que não nos interessava conhecer. 


Chegando ao local: 
- “Eh pa, isto tá cheíssimo, só se dança com os olhos!” - Mas não era essa a ideia? É que eu avisei que era melhor...enfim desisto.

Ponto de situação: a música não presta, está em altos berros, não se consegue conversar, dançar tá quieto, encontrões de todos os lados, bebidas (caríssimas) entornadas, não se vê um boi à frente com o fumo e já não posso com o barulho das luzes…afinal o que raio estamos ali a fazer???? 
Resposta Óbvia: -“Estamos a curtir!” - Seguido de um - “Wooooooooo!” 
No dicionário, curtir é definido por algo como “preparar as peles de animais para usar”... o que até faz um certo sentido, e lembra-me aquele senhor da telenovela: 


Se o objetivo final muitas vezes até é esse, o senhor é que tinha razão, há que ser direto e sem espinhas! Poupava-se dinheiro, e tímpanos, a muito boa gente! ;)

 Ironia das ironias: conheci a minha mulher numa discoteca, na noite em que foi “tocar” o Dj Vibe! Vá, era mais um pavilhão, e era a Semana Académica de Viseu, mas o coneceito era o mesmo... ;) 

**- Nada contra o espaço de diversão em si, mas foi um dos últimos barretes que apanhei. “Festa de Halloween @ Urban Beach” - diz que é um novo conceito minimalista, em que uns morcegos de papel pendurados no tecto bastam para se ter uma Festa de Halloween. 
Por esse ponto de vista acho que vou colar um coelhinho na minha caixa do correio e convidar os amigos para uma “Festa da Playboy @ My Home”, que tal?

Sem comentários:

Enviar um comentário